Friday, October 21, 2005

Sem título

venho como quem não está. desabotoar-me aqui de angústia remota. ciclos, ciclos, o que somos. e os mesmos, perenes na nossa avidez de sermos iguais. emendáveis?

Tuesday, October 18, 2005

Pela primeira vez na Ordem dos Médicos

era uma tarde grande, de Sol, pelas ruas de Lisboa. fui com o Rui - o Rui é um grande amigo de faculdade, dos poucos que atravessou comigo o curso inteiro de mãos dadas, de uma ponta à outra! e seis anos não é pouco! se não fosse meu amigo, tinha que ser meu pai (caso fosse possível termos mais que um, porque o meu não o troco por nada!!)! sabe de medicina, de números, IRSs e afins; sabe de leis, de regras e das coisas que todos os pais sabem (e que eu, como mãe, espero não ter que saber nunca!); e sabe, acima de tudo, ser coração de conforto sempre que a faculdade sopra a doer mais.
e pronto, o Rui sabia que tínhamos que ir à Ordem dos Médicos. e lá fomos!
era uma tarde grande, de Sol... era uma casa amarela, tão amarela como o nosso Prédio e outras casas com que me encho sempre que digo adeus a Lisboa pela Ponte 25 de Abril. e é a Casa Amarela no universo sentimental dos homens em que habita. também em mim, agora, porque teve que ser. respirava-se solenidade, mas fomos convidados a entrar. uma sala pomposa, séria, elegante... passámos aos procedimentos. entreguei a minha fotografia, muito verde, muito viva, muito cheia de colares e sem cabelos no sítio... o Rui desafiou-me, em discrição, a espreitar as fotografias deixadas por cima da mesa dos que já se tinham inscrito. penteados, engravatados, a maquilhagem posta. rimo-nos em cumplicidade, não sei se envergonhados. pediram-me depois uma assinatura e, como não tinha nenhuma, inventei-a no momento! pior foi quando me repetiram o pedido; ai meu Deus, que não me safei de uma folha branca cheia de treino... (nisto, não me apanham mais!...)
perante a infantilidade nossa, a postura sempre inflexível da senhora que nos atendeu, que se nos dirigia, vezes sem conta, como "sr. dr.", "sra dra"... ... ...
sinto-me tão, tão miúda... ainda não me habituei a esta coisa do ter que se ser grande...