Tuesday, March 20, 2007

C-R-U-J-O

Cada vez que nos perguntam o nome, a nós(Crujaria), e em especial fora de Estremoz, temos invariavelmente que soletrar o apelido.
--Cruz? - perguntam.
--Não, Crujo.- E rapidamente soletramos, --C-R-U-J-O.
Ficam na mesma. Não entendem, não faz parte da lista de nomes que possuem em memória e... insistem:
--CUJO?
E, pacientemente, que ninguém tem culpa que o tetravô vivesse na Herdade da Corujeira, dizemos, com toda a calma:
--C...R...U...J...O.
Missão cumprida, fora a quantidade infinda de vezes que fica tudo rasurado.

Ora o interessante acontece, quando perguntam o nome a uma colega minha, que tem Cruz no apelido. Diz ela, que até é em todas as farmácias cá do burgo...
--CRUJO?
Responde ela, pronta e pacientemente, a sorrir, porque lhe adivinha as dúvidas:
--Não, não! CRUZ.

Thursday, March 08, 2007

E já agora...

Em vinte e tal anos, numa geração apenas... tudo mudou. Os filhos já não escrevem aos pais, os pais já não escrevem aos filhos, os pais já não perguntam se a escola correu bem, os filhos já não se importam com a escola.

Crise de valores??? Valores em crise???

Na realidade, a sociedade mudou. Agora mandam-se faxes, sms, os telefones nem fios já têm, as fotografias tiram-se e apagam-se sem precisar de aguardar revelação, há teleconferências, telemedicina, e outras teles, os filhos já não escrevem aos pais... os pais já não perguntam pelos filhos... os filhos são levados à escola... a escola é que espera pelos filhos... ninguém já vai a pé para a escola... os filhos têm muito a que ligar... a escola não tem assim tanta importância... a escola não tem mesmo importância nenhuma, que espere se quiser... sentada.

Monday, March 05, 2007

E meu pai

A relação que sempre tenho tido com o meu pai é de absoluto respeito. Parece-me que apenas uma vez na vida me deu uma bofetada. Ainda me lembro onde foi, por trás da porta da cozinha, na Glória, no corredor, mesmo antes de chegar à sala de estar. Já não sei por que foi, mas devo ter merecido, com certeza, que ele é o mais recto e justo que eu conheço. Além disso, é inteligente, tem humor, é habilidoso e um pedagogo por natureza.
A ele ainda chamo "papá", como se eu não tivesse crescido, como se ainda fosse pequena e lhe coubesse no colo, e como se ele ainda continuasse tal qual ele era, capaz de tudo, a fazer contas de cabeça tão rapidamente quanto eu com papel e lápis... mas já não... justifica-se quando não consegue colocar rapidamente o cinto do meu carro e o carro teima em apitar, dizendo que está habituado é ao dele... e eu, calmamente, digo que sim, que ele tem razão, que os do carro dele são infinitamente mais fáceis de colocar... e ajudo-o disfarçadamente.