Thursday, November 24, 2005

História verídica da vida de um médico 3

então e a senhora que tinha uma otite aguda e que meteu o supositório que lhe foi receitado no OUVIDO com esperança de melhorar?!?!?!?

História verídica da vida de um médico 2

" - ai sr. doutor, o meu filho Joãozinho enfiou 5 escudos no nariz... está muito aflito, tire-me isso por favor!!!"

" - 5 escudos? mas isso parece-me difícil, a moeda ainda tem um tamanho razoável... bem, mas deixe-me lá espreitar..."

procedimentos realizados, 2 moedas cá para fora! 2 moedas de 2,5 escudos!

" - então, sr. doutor, não lhe disse que eram 5 escudos?!"

(bem, contra factos... ;) !)

História verídica da vida de um médico

era uma vez uma senhora, já de idade, que todos os meses - sem excepção - fazia uma visita ao médico de família. isto durante anos! até que houve um mês em que faltou...

no mês seguinte... :

" - então, sra d. Maria, que lhe aconteceu o mês passado? dei pela sua falta!"

" - ai, sr. doutor, desculpe lá... é que estive doente!!!"

Tuesday, November 01, 2005

Antony & the Johnsons


esperava-os. desde aquela tarde de Dezembro em que fazíamos a estrada para o sul.

era uma noite cheia. inventada, há muito, no coração das expectativas. e choveu, com a Natureza a anunciar uma força quase que maior, não sei bem se verdadeiramente humana. ele entrou. pesado, decidido, delicado. celestial. também tímido. sentou-se. com o piano, o mundo era dele. e o resto não sei... o homem hermafrodita, bizarro, bela e monstro (sim!), de cara redonda, cuja voz se estranha e admira por tão de outro lado... mas sei que tudo é nada que se dissipa na ninharia das letras assim escritas.

ontem, naquele canto de noite onde a nossa sala tinha luz, o tempo foi, por instantes, uma espaço incrivelmente... perfeito.

Friday, October 21, 2005

Sem título

venho como quem não está. desabotoar-me aqui de angústia remota. ciclos, ciclos, o que somos. e os mesmos, perenes na nossa avidez de sermos iguais. emendáveis?

Tuesday, October 18, 2005

Pela primeira vez na Ordem dos Médicos

era uma tarde grande, de Sol, pelas ruas de Lisboa. fui com o Rui - o Rui é um grande amigo de faculdade, dos poucos que atravessou comigo o curso inteiro de mãos dadas, de uma ponta à outra! e seis anos não é pouco! se não fosse meu amigo, tinha que ser meu pai (caso fosse possível termos mais que um, porque o meu não o troco por nada!!)! sabe de medicina, de números, IRSs e afins; sabe de leis, de regras e das coisas que todos os pais sabem (e que eu, como mãe, espero não ter que saber nunca!); e sabe, acima de tudo, ser coração de conforto sempre que a faculdade sopra a doer mais.
e pronto, o Rui sabia que tínhamos que ir à Ordem dos Médicos. e lá fomos!
era uma tarde grande, de Sol... era uma casa amarela, tão amarela como o nosso Prédio e outras casas com que me encho sempre que digo adeus a Lisboa pela Ponte 25 de Abril. e é a Casa Amarela no universo sentimental dos homens em que habita. também em mim, agora, porque teve que ser. respirava-se solenidade, mas fomos convidados a entrar. uma sala pomposa, séria, elegante... passámos aos procedimentos. entreguei a minha fotografia, muito verde, muito viva, muito cheia de colares e sem cabelos no sítio... o Rui desafiou-me, em discrição, a espreitar as fotografias deixadas por cima da mesa dos que já se tinham inscrito. penteados, engravatados, a maquilhagem posta. rimo-nos em cumplicidade, não sei se envergonhados. pediram-me depois uma assinatura e, como não tinha nenhuma, inventei-a no momento! pior foi quando me repetiram o pedido; ai meu Deus, que não me safei de uma folha branca cheia de treino... (nisto, não me apanham mais!...)
perante a infantilidade nossa, a postura sempre inflexível da senhora que nos atendeu, que se nos dirigia, vezes sem conta, como "sr. dr.", "sra dra"... ... ...
sinto-me tão, tão miúda... ainda não me habituei a esta coisa do ter que se ser grande...

Tuesday, September 27, 2005

Sempre é o limite

lembro-me sempre da Pipa. e também da Ju duma altura em que ainda a não conhecia. e não quero ter que me lembrar de mais ninguém. e lembro-me também de si, vezes sem conta num espaço grande (curto?) de um dia meu.
lembro-me de nós, eu ao colo, no sofá quente da sala, onde ininterruptamente, quase sem saber falar, a chateava para me ler a história de O Pintarroxo Friorento, da colecção da Anita (ainda hoje não sei por que não constava a Anita!). e também da altura - eu mais velha - em que a fazia voltar atrás nas páginas quando, pelo cansaço da monotonia, resolvia saltar pedaços do conto... e de acordar com o som das panelas no piso de baixo, quando os pais viajavam e nós ficávamos lá - sempre cedo, sempre com tempo, como o exige a arte de cozinhar. e do bolo de maçã, o meu! e do doce-gelado com suspiros e ananás! e das tentativas sentidas por me fazer transmitir o segredos de culinária (pratico muito pouco, e tenho pena). e não me lembro - mas lembram-se bem os pais! - de acordar a meio da noite, mimada, a querer colo! colo, o mesmo colo das tardes longas. e lembro-me daquelas fatias de pão que cozinhava, porque eu gostava. eram tão boas! e das lições de vida, e do pragmatismo, e da inteligência. e da televisão sempre alta, porque já ouvia mal. e da nossa cumplicidade. e da adequação exacta a um tempo de hoje. e das fotografias do pai, dos tios, e do avô. e dos episódios da vida dele, quando vínhamos de carro para Lisboa. e de me contar do seu coração imenso, das noites sem descanso ocupadas em visitas ao domicílio. e da aflição que lhe fazia o avô não cobrar - eram seis filhos, miúdos, tantos, por criar... e do dia do helicóptero, quando a velocidade não bastou (sabe, ainda há uns meses, em Faro, descobri quem me recordasse esse dia... duas gerações depois... mas eu nem o tinha pedido...). e da força, indiscutivelmente levada ao limite do que para nós é possível (impossível, corrijo!). e do exemplo. e do presépio que montávamos e era tão grande (e eu sem compreender por que é que o de casa tinha que deixar tanto a desejar na minha escala dimensional de importâncias). e de me obrigar a lavar as mãos e os dentes depois do pequeno-almoço antes de ir para o colégio, e de isso me revoltar por dentro por não lhe descobrir sentido (agora o dentista aconselha-me a lavá-los menos, porque o faço vezes em excesso)...
e daquela tarde no hospital, onde soube que era a minha última. e foi. três dias mais, e a perfeição do número aqui irrita-me! e as mãos, tão grandes ainda, tão fortes, como se a vida as não pudesse abalar. quase tanto como a alma. e de tudo. e de tudo naqueles dias derradeiros. e da multidão que apareceu e não arredou pé. se os pudesse ver, eram tantos, tantos, tantos... e dos que não puderam ir, mas que também estavam. e da emoção tão perturbadora de um adeus. e do João, pequeno, incrédulo, ingénuo, a querer observar-lhe o rosto e a perguntar se depois voltaria para casa. depois. (não João, na vida é para a frente...) e daquela imagem funda, ainda incompreensível, confusa, brutal, de a Avó morta, em movimento, com o nosso castelo e o sol por detrás: pelas grades de luz das minhas lágrimas, estavam maiores e mais bonitos do que nunca.

Saturday, September 24, 2005

Dias contigo

vai um alentejano a uma Casa de Meninas e pergunta:

- " quanto custa cada menina?"

- "ah, isso depende do tempo..."

- "hum, ora suponhamos que está a chover"...!!!!!!


(isto é o que dá dias inteiros com mi madre!!!!;/ :))

Thursday, September 22, 2005

Mami, PARABÉNS! :)

mulher, miúda, menina, meigamente magnífica, magnânime, magnética! mascote, Maria, macia, mão-cheia de mar, de música, de mimo, de mim... maternal macedónia, matemática, maestra, macroglossa (;p), mágica, madura, madrepérola magistral em macrocosmos; minha Mãe, a melhor! a maior!!

à Mami, milhões e milhões e milhões de mais madrugadas de mel!

(manobra macarrónica de Ms, macacada matreira em mim-de-menos-momentos-mais!)

Saturday, September 17, 2005

E agora para a Ju! :P


(ih ih ih ih ih!!! Montmartre a um passinho!! ;))

Esta é para a Jana!!!


(melhor saber que é em Barcelona! BARCELONA!!!!!;D)

Tuesday, August 02, 2005

Doçura-Criança

- "Guiga, em que parte do Céu está a Avó?... É que eu já andei de avião e não vi alminha nenhuma..."

(querido Larão, há uma parte do Céu que nós não vemos nunca...)

Thursday, July 21, 2005

Há coisas por acaso!

dei comigo, há uns dias, no concerto do Rod Stewart. um bilhete desocupado de repente e lá fui eu! volta e meia, a espreitar de soslaio, os olhos, brilhantes, emocionados, do meu tio... mas a parte melhor foi aperceber-me que o Rod S. e o Jorge Palma estão e dançam da mesma maneira!! a partir daí o caminho foi outro! :)

Monday, July 18, 2005

Numa estação de metro

corria na estação, entre uma linha e a outra. o passo é sempre depressa, porque o tempo não está para contemplações! também com pressa, uns ceguinhos. três, de braço dado, como quem sabe a força de se andar unido. cruzámo-nos. e, nesse momento escasso onde o ar à volta foi o mesmo, o do meio dirige-se para outro de um dos lados, sem se virar, e disse: "não te fazia isso nem que me aparecesses pintado!"... e continuámos.

Sunday, June 26, 2005

Parabéns!

tinha-vos pedido uma mão! o Sol nem sempre brilha e não queria que o girassol morresse. o Pica leva as coisas a sério e eu agradeço! ofereceu-nos palavras; sempre o melhor de se receber, digo eu!! o Pica é um homem de palavras, daqueles que as escolheram para companhia eterna. também diária, permanente. é um escritor à séria, dos que fazem livros dos que se vendem e tudo! houve uma vez que o lemos em conjunto, na nossa passagem de ano, num fim de madrugada, junto à lareira. talvez não se lembrem, sei lá se pelo sono, se pela bebedeira! a Nekas lembra-se, quero crer. do Pica, o melhor poema, e ele sabe disso! o Pica gosta de SOP.A.! e hoje o Pica faz anos! parabéns, Picalima!!


"Estavam os dois sem maneira de estar, e quanto mais voltas davam mais escorriam para a embuscada do silêncio.
O tempo mata tudo, é popular, mas o paliativo costuma aconselhar-se à maleita, ou não fosse essa a sua razão de ser. Agora isto de matar antigas cores... Ainda agora, há bocado, dantes, se irritavam um ao outro por não pararem calados...
O mais gordo, o cinzento, esgravatava o maço cinzento, sacava, acendia, engolia e cantava um fumo cinzento. E isto que o homem, desde manhã, e era já noite, andara a partir o dia em calendários solenes para dosear o vício. Os cigarros andam sempre atrás dos silêncios, e muito mais quando os vêem uns atrás dos outros.
O outro, o branco, o fino, como era o que morava, demitia-se dos rituais de visita, só ficava, como se ser presença fosse já importância quanto baste, profissão a sério. Chegava-lhe ser um tipo calado daqueles que encolhe os ombros das palavras. Mas também ele o sentia, o breu mudo.
Nisto ficavam, sem saber ficar, isso era óbvio, quando o cinzento teve a ideia de génio, que é sempre a mais básica. O recurso, sempre próspero, que remédio, às épocas do tempo que não existe:
- E o Zé Manso?
- Finou-se.
- Hum... E a Zefa?
- Morreu.
- Hum... E o Pescoço, esse parvo?
- Já foi tarde.
- Nem fazia cá falta!
- Os que cá estão não fazem eles...
- É verdade... E a tua mãe? Como está a dona Jesuína?
- Faleceu.
- Hum... Já tinha uma certa idade.
- Teve sempre.
- Hum... E o Carvalho.
- Já lá está.
- Hum...
- ...
- ...
- ...
- ...
- Então e tu, pá? - com palmada nas costas, código secreto de máximas intimidades públicas.
- Eu? Eu ainda não perdi a esperança..."

Sunday, June 05, 2005

O meu primeiro toque rectal!!!!

pois é, quem anda à chuva molha-se!!
era já tarde e o banco cumpria-se. chegou nova ficha e uma qualquer coisa pressagiou uma outra por vir. era uma rapariga, jovem, nervosa ali. a situação exigia uma exposição maior e o incómodo de um corpo quase a nu! retorceu-se em hesitações, retorquiu coisas outras num nexo que sabia não existir. fechada na sua mente. depois, não quis o dr-homem. sugeriu-me, como que supondo uma cumplicidade de género que eu não compreendo, mas que sim. houve um silêncio, acho que curto, mas para mim sem fim. parei no pensar. ri-me depois, refugiada cá dentro. ergui-me sem aviso prévio, "então vamos lá!" - e comecei o discurso preparatório que já li tantas vezes, mas que nunca tinha saído fora das minhas folhas. não tremi, nestas coisas só há um caminho! e pronto, anunciei o desconforto, "descontraia-se, vai ser rápido" e, pimba, dedo lá dentro! ai que foi estranho... e sabem que mais?! tenho um dedo pequeno para estas coisas...

Wednesday, May 25, 2005

BorboLETA

o que tu não sabes é que borboleta é luz, é longe, é tornar perto, é companhia maior em noites sozinha.

Tuesday, April 26, 2005

Sempre o teu dia...

hoje é o teu dia, querido Amigo. ser é esta coisa bizarra de virmos para ir, mas ir ficando. muitos Parabéns! ontem voltámos lá. o caminho começou por parecer o mesmo. mas não. o quarto mostrou-se outro. ele também e sorrimos. às vezes descubro-nos em cantos de mim embrulhados nas nossas estórias. a atrapalhação que foi quando me ensinaste a conduzir!! lembras-te? era na Galé. grande companheira de já tantos contornos... o teu irmão condu-lo agora. vou pouco a Estremoz, mas já nos cruzámos. identifico-o pela matrícula, como sempre meu hábito foi. agora outra cara. outra com o mesmo nome. e o porta-chaves, o que me ofereceste para quando tivesse um carro. trago-o comigo; mas isso tu sabes. o Jobim é que ouço menos. presente demais a tarde em que lá passaste por casa. ias com ele, que timidamente ficou no sofá. rio-me ao rever a imagem. e a tua letra desenhada, em tons de dedicatória. lembras-te, também?
nós por cá. tu connosco. o nosso abraço.

Wednesday, March 16, 2005

Aconchegos

cruzei-me hoje com o Jorge. tantos os dias que não merecem palavras aqui, dias quase mais que os dias mas... hoje cruzei-me com o Jorge. um corredor por acaso, um minuto não escolhido, mas também ao acaso, para passos em volta de um encontro. simples. decidida, nervosamente abri palavras e num aconchego de mãos depositei o meu agradecimento pelo génio. (não pude imprimir força que acompanhasse a dimensão do obrigada -- seria doloroso! -- mas sei como o senti). retribuiu-se com a criatividade pueril e autêntica de quem é especial deveras. e descobri-me cheia no resto do tempo. quando o traço do não anunciado pode ser borracha para o que desalenta! quando um nada de muito se prende, como estrela, em céu de alma... desocupada. é que hoje cruzei-me com o Jorge! "qual Jorge?"! ;)

Saturday, January 29, 2005

Explicação

" - e tu, tens escrito?";

" - não. ou se vive, ou se escreve."


descobri, então, que tenho vivido. obrigada, J.
o silêncio pela vida!