Monday, April 02, 2007

atormenta-me, este indelével peso de mim.

5 comments:

Carlos M. Gomes said...

Se um peso nos atormenta e é indelével, por vezes temos vontade de ser outro, ter outras asas e partir sem olhar. Olhar de cima para nós e sentirmos saudades. Aí, temos vontade de voltar. Mas não o fazemos porque sentir falta de algo também pode ser bom para nos manter em perspectiva.

Carlos

Maggs said...

cresceríamos melhor se a todo o momento tornássemos consciente esse movimento perpétuo de sairmos e ter saudades de nós (bonita, a tua imagem :), para depois voltarmos. se caminhássemos atentos com o olhar que nos ensinou Caeiro. hoje retirei-me da perspectiva, e desci. :)

Carlos M. Gomes said...

Retirado de Os Jardins da Memória, de Orhan Pamuk, acerca de todos sermos como Janus: «Uma outra vez, sonhara com um dervixe que vinha visitá-lo na caverna para onde se retirara, mas em seguida o mesmo dervixe viera de facto vê-lo, em carne osso, e comunicara-lhe que ele próprio vira em sonhos Fazlallah: sentados ao lado um do outro, folheavam um livro numa caverna, distinguiam os seus rostos nas letras do livro, e quando se viraram um para o outro para se olharem, viam as letras do livro nos seus rostos» (...) «A única coisa que tornava o universo misterioso era a presença do duplo que cada um traz dentro de si, do irmão gémeo com que cada um vive» (...) «Não vivemos muito tempo, não vivemos grande coisa, sabemos menos ainda. Pelo menos sonhemos...»

Manolito Gafotas said...

nao deixes morrer o teu girassol...

Maggs said...

protege também o teu, Manolito. "pelo menos sonhemos", obrigada, Carlos! :)